Fluidez do Mar Dentro de Casa

Linhas curvas e a elegância orgânica em uma morada à beira do sentir

Nesta edição da mostra, que celebra o estilo resort coast, a arquitetura da casa, de traços retos, contrasta de forma harmoniosa com uma decoração marcada por linhas curvas. A composição se rende à fluidez da natureza, criando ambientes que acolhem, envolvem e nos convidam a sentir, mais do que apenas observar.

As curvas estão por toda parte e ganham múltiplas interpretações nos diferentes espaços da casa. Em alguns momentos, remetem às gigantescas e arrebatadoras ondas de Nazaré; em outros, à leveza serena de um mar calmo. Essa oscilação entre força e suavidade guia a narrativa visual e sensorial da casa.

Nos portais, a curva assume um papel quase simbólico: marca a transição entre ambientes como se fossem passagens para outros estados de espírito. Em certos pontos, as paredes sinuosas conduzem o olhar e o corpo de forma quase hipnótica, criando a sensação de que o espaço não tem fim, como o próprio mar.

No mobiliário, a fluidez é protagonista. Cortineiros em madeira se tornam esculturas funcionais, que mais parecem recortes das ondas do mar, reforçando o movimento natural que se espalha por todo o ambiente. O bloco de um sofá se transforma em forma generosa e envolvente, enquanto poltronas, mesas e tapetes seguem o mesmo movimento. Cada peça reforça o traço curvo como linguagem visual dominante e carrega, além da estética, um simbolismo profundamente feminino, como se costuma dizer no universo do design de interiores: as linhas curvas são femininas.

As curvas estão por toda parte e ganham múltiplas interpretações nos diferentes espaços da casa.

Esse conceito encontra respaldo em pesquisas acadêmicas e estudos de neuro estética e psicologia ambiental. De acordo com a teoria da Gestalt e investigações mais recentes no campo do design, formas curvas tendem a ser percebidas como mais acolhedoras, suaves e emocionalmente agradáveis do que as formas angulares. Um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences (2013), por exemplo, demonstrou que ambientes com linhas curvas ativam áreas do cérebro ligadas ao prazer estético. Outras pesquisas na área de design emocional reforçam que a presença de curvas estimula a sensação de conforto e relaxamento, promovendo bem-estar físico e mental.

Essa estética orgânica vai além do mobiliário. As pedras naturais utilizadas em diversos ambientes também apresentam contornos suaves, volumes arredondados e superfícies com movimento. A natureza é presença constante — não apenas representada, mas quase incorporada ao espaço. A vegetação exuberante completa a atmosfera, trazendo a proximidade do mar em forma de frescor, leveza e vida. É como sentir a brisa, ouvir o som das ondas e caminhar em um refúgio onde o tempo desacelera.

Nesta casa, a curva não é apenas uma forma: é uma filosofia. Ela conduz, abraça e transforma cada ambiente em uma extensão natural do corpo e da paisagem. Um lugar onde o morar é uma experiência sensorial, intuitiva e profundamente conectada com a beleza fluida do mundo natural.